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Foto do escritorRicardo Figaro

A FLOR DE BURITI fará estreia no Festival de Cannes, na Un Certain Regard


Acaba de ser anunciado o novo filme de João Salaviza e Renée Nader Messora que fará sua estreia mundial no Festival de Cannes, entre 16 e 27 de maio. A FLOR DO BURITI será exibido como parte da Seleção Oficial, na sessão Un Certain Regard, que também premiou a dupla em 2018, quando receberam o prêmio especial do júri com “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”.


Novamente com os Krahô, no norte do Tocantins, o filme traz um dos temas mais urgentes da atualidade: a luta pela terra e as diferentes formas de resistência implementadas pela comunidade da aldeia Pedra Branca.


“O filme nasce do desejo em pensar a relação dos Krahô com a terra, pensar em como essa relação vai sendo elaborada pela comunidade através dos tempos. As diferentes violências sofridas pelos Krahô nos últimos 100 anos também alavancaram um movimento de cuidado e reivindicação da terra como bem maior, condição primeira para que a comunidade possa viver dignamente e no exercício pleno de sua cultura”, explica a codiretora Renée Nader Messora.

A FLOR DO BURITI atravessa os últimos 80 anos dos Krahô, trazendo para a tela um massacre ocorrido em 1940, onde morreram dezenas de pessoas. Perpetrado por dois fazendeiros da região, as violências praticadas naquele momento continuam a ecoar na memória das novas gerações.

“Filmar o massacre era um grande dilema. Se por um lado é uma história que deve ser contada, por outro não nos interessava produzir imagens que perpetuassem novamente uma violência. Percebemos que a única forma de filmar essa sequência era a partir da memória compartilhada, a partir de relatos, do que ainda perdura no imaginário coletivo desse pessoal que insiste em sobreviver”, conta a diretora.

A FLOR DO BURITI foi rodado durante quinze meses em quatro aldeias diferentes, dentro da Terra Indígena Kraholândia, e assim como em “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos”, a equipe era muito pequena e se dividia entre indígenas e não indígenas. Relatos históricos baseados em conversas e a realidade atual da comunidade serviram de base para a construção da narrativa do filme.

“A gente não trabalha com o roteiro fechado. A questão da terra é a espinha dorsal do filme. Propusemos aos atores trabalhar a partir desse eixo, criar um filme que pudesse viajar pelos tempos, pela memória, pelos mitos, mas que ao mesmo tempo fosse uma construção em aberto que faríamos enquanto fossemos filmando. A narrativa foi sendo construída com a Patpro, o Hyjnõ e o Ihjãc, que assinam o roteiro”, explica João Salaviza.

As manifestações em Brasília durante a votação do Marco Temporal e as ameaças que a Terra Indígena vem sofrendo nos últimos anos - roubo de animais silvestres, extração de madeira, reativação de uma barragem ilegal - são absorvidas pelo filme, em uma narrativa onde passado e presente coexistem e formam um corpo só.


“Os desafios que os Krahô enfrentam hoje ecoam em todo o nosso continente. O que contamos aqui, em um contexto extremamente específico e peculiar, é também a História dos povos indígenas sul-americanos desde a invasão. Se as formas de violência são múltiplas e capazes de aniquilar nações inteiras, as formas de resistência são ainda mais potentes, vibrantes e reinventadas diariamente”, conta Renée.


A seleção do filme para Cannes mostra que o mundo está realmente de olho nas questões dos povos originários no Brasil. “A importância dos povos originários não reside apenas no conhecimento ancestral, mas também na elaboração de tecnologias totalmente sofisticadas de defesa da terra. Eles ocupam radicalmente a contemporaneidade. O Festival também será importante como lugar para se formar novas alianças, usar da sua capacidade de sedução cultural que possam ser reativadas no futuro. De fato, o Bolsonarismo foi um verdadeiro massacre, tanto na destruição dos povos e seus direitos, como da terra. Agora, o que acontece é uma contraofensiva muito mais bela e forte. O mundo está de olho nos Krahô. É muito bom para nós, cineastas e aliados, ver o lugar que o filme pode ocupar”, ressalta João.


A seleção do filme para Cannes mostra que o mundo está realmente de olho nas questões dos povos originários no Brasil. “A importância dos povos originários não reside apenas no conhecimento ancestral, mas também na elaboração de tecnologias totalmente sofisticadas de defesa da terra. Eles ocupam radicalmente a contemporaneidade. O Festival também será importante como lugar para se formar novas alianças, usar da sua capacidade de sedução cultural que possam ser reativadas no futuro. De fato, o Bolsonarismo foi um verdadeiro massacre, tanto na destruição dos povos e seus direitos, como da terra. Agora, o que acontece é uma contraofensiva muito mais bela e forte. O mundo está de olho nos Krahô. É muito bom para nós, cineastas e aliados, ver o lugar que o filme pode ocupar”, ressalta João.


A FLOR DO BURITI é produzido por Ricardo Alves Jr. e Julia Alves, por meio da produtora mineira Entre Filmes, e será distribuído no Brasil pela Embaúba Filmes.


Sinopse

Em 1940, duas crianças do povo indígena Krahô encontram na escuridão da floresta um boi perigosamente perto da sua aldeia. Era o prenúncio de um violento massacre, perpetuado pelos fazendeiros da região. Em 1969, durante a Ditadura Militar, o Estado Brasileiro incita muitos dos sobreviventes a integrarem uma unidade militar. Hoje, diante de velhas e novas ameaças, os Krahô seguem caminhando sobre sua terra sangrada, reinventando diariamente as infinitas formas de resistência.


Ficha Técnica Direção: João Salaviza, Renée Nader Messora Roteiro: João Salaviza, Renée Nader Messora, Ilda Patpro Krahô, Francisco Hyjnõ Krahô, Ihjãc Henrique Krahô Produção: Ricardo Alves Jr., Julia Alves Elenco: Ilda Patpro Krahô, Francisco Hyjnõ Krahô Direção de Fotografia: Renée Nader Messora Direção de Arte: Ángeles Frinchaboy, Ilda Patpro Krahô Som Direto: Diogo Goltara Desenho de Som: Pablo Lamar Montagem: Edgar Feldman Gênero: drama País: Brasil, Portugal Ano: 2023 Duração: 124 min


Sobre João Salaviza Nascido em 1984, estudou Cinema na Escola Superior de Teatro e Cinema em Lisboa e na Universidad del Cine em Buenos Aires. O seu primeiro curta-metragem, “Arena”, foi premiado com a Palma de Ouro em Cannes (2009), seguindo-se o Urso de Ouro de Curtas-Metragens na Berlinale para “Rafa” (2012). Lançou também na Competição Oficial da Berlinale as curtas “Altas Cidades de Ossadas” (2017) e “Russa” (2018, correalizado com Ricardo Alves Jr.). O seu primeiro longa-metragem, “Montanha”, teve a sua estreia mundial no Festival de Veneza (Semana da Crítica) em 2015. Desde então, vive entre Portugal e o Brasil, junto do povo indígena Krahô. Em 2018, estreou “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos” (correalizado com Renée Nader Messora) no Festival de Cannes, recebendo o Prémio Especial do Júri – Un Certain Regard. O filme foi lançado comercialmente em vários países, destacando-se na França, onde foi visto por 45 mil espectadores. Em 2023, regressa ao Festival de Cannes - Un Certain Regard para estrear A FLOR DO BURITI (correalizado com Renée Nader Messora), filmado durante um período de quinze meses na Terra Indígena Krahô.


Sobre Renée Nader Messora

Graduada em Cinematografia pela Universidad del Cine, em Buenos Aires. Por 15 anos, trabalhou como assistente de direção em diversos projetos no Brasil, Argentina e Portugal, entre eles “Montanha”, primeiro longa-metragem de João Salaviza. Fotografou o curta-metragem “Pohí” (2010), por meio do qual conhece o povo Krahô. Desde então, trabalha com a comunidade, contribuindo na organização de um coletivo de jovens cinegrafistas que utilizam o cinema como ferramenta para o fortalecimento da identidade cultural e a autodeterminação. Em 2017, fotografou o curta-metragem “Russa”, dirigido por João Salaviza e Ricardo Alves Jr. e que estreou na Competição Oficial da Berlinale 2018. Também em 2018, estreou seu primeiro longa-metragem, “Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos” (correalizado com João Salaviza) no Festival de Cannes, recebendo o Prêmio Especial do Júri – Un Certain Regard. O filme foi lançado comercialmente em vários países, destacando-se na França, onde foi visto por 45 mil espectadores. A FLOR DO BURITI é o seu segundo longa-metragem, correalizado com João Salaviza durante um período de quinze meses na Terra Indígena Krahô.


Sobre a Embaúba Filmes A Embaúba Filmes é uma distribuidora especializada em cinema brasileiro, criada em 2018 e sediada em Belo Horizonte. Seu objetivo é contribuir para a maior circulação de obras autorais brasileiras. Ela busca se diferenciar pela qualidade de seu catálogo, que já conta com mais de 40 títulos, em menos de 5 anos de atuação, apostando em filmes de grande relevância cultural e política. A empresa atua também com a exibição de filmes pela internet, por meio da plataforma Embaúba Play, que exibe não apenas seus próprios lançamentos, como também obras de outras distribuidoras e contratadas diretamente com produtores, contando hoje com mais de 500 títulos em seu acervo, dentre curtas, médias e longas-metragens do cinema brasileiro contemporâneo.


Fonte: Sinny Assessoria e Comunicação

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