Gravado durante os protestos estudantis de 2016, o oitavo longa-metragem do cineasta participa da mostra gaúcha. O filme recebeu Menção Honrosa no festival português Cine Marginal.
Hamlet", de Zeca Brito, terá sua première gaúcha no 51° Festival de Cinema de Gramado, no dia 18 de agosto (sexta-feira), às 14h, no Palácio dos Festivais (Av. Borges de Medeiros, 2697), dentro da competitiva de longas produzidos no RS. Em meio ao caos político no Brasil de 2016, os estudantes secundaristas se unem aos movimentos sociais e tomam as ruas em protestos. Testemunhando um golpe de estado, o Jovem Hamlet (Fredericco Restori) tem de enfrentar seus maiores fantasmas, sua transformação em adulto e seu lugar na sociedade. Recentemente, o filme conquistou Menção Honrosa no festival português Cine Marginal.
"Neste filme buscamos interpretar a sociedade do Brasil atual a partir de suas ruínas, da falência do Estado e de uma juventude que resiste e sonha com outra realidade", explica o cineasta Zeca Brito ("Legalidade"). A produção rodada em abril de 2016 em Porto Alegre traz em seu elenco o crítico a ator Jean-Claude Bernardet e uma participação especial da ex-presidenta Dilma Rousseff. O diretor que também assina produção (junto com Clarissa Virmond, Frederico Ruas e Tyrell Spencer) e roteiro (dividido com Ruas).
Segundo o cineasta, seu oitavo longa explora o dilema do existir como ser político em meio à desconstrução da democracia brasileira da segunda metade da década de 2010 até hoje. "A dúvida do protagonista fica entre assumir a ação, tomar as rédeas da vida e escrever o próprio destino ou entregar-se aos rumos da história", delimita Zeca. O realizador combina os gêneros de ficção e documentário para retratar uma sociedade dividida entre a cartilha ditada pelas elites e a reflexão da própria ação dos movimentos sociais.
A professora e uma das criadoras do programa de pós-graduação em artes visuais da UFRGS, Dra Maria Amélia Bulhões, escreveu sobre o filme: "Zeca Brito desenvolve seu magnífico trabalho no fio da navalha, entre um competente documentário e um filme de arte. (...) Na realidade dura e tensa das disputas sociais e políticas, Brito insere a poética da arte como caminho para a reflexão." O longa teve sua primeira exibição pública na Mostra de São Paulo e mais recentemente passou pelo Festival Guarnicê no Maranhão.
"Hamlet" é uma produção da Anti Filmes, com coprodução da Galo de Briga Filmes.
Sinopse
Em meio ao caos político no Brasil de 2016, os estudantes secundaristas se unem aos movimentos sociais, tomam as ruas em passeatas, protestos e reivindicações. Cobram o fim da desigualdade e denunciam manobras políticas. Diante de um iminente golpe de estado, o Jovem Hamlet tem de enfrentar seus maiores fantasmas, sua transformação em adulto e seu lugar na sociedade. Agir ou não agir? Enquanto as bombas explodem, o coração entra em chamas, o mundo exterior em ruínas e por dentro a construção da cidadania e a chegada da maturidade. Ser ou não ser?
Serviço
Première Gaúcha - 'Hamlet', dir. Zeca Brito
51° Festival de Cinema de Gramado
Dia 18 de agosto de 2023 (sex), às 14h;
Palácio dos Festivais (Av. Borges de Medeiros, 2697).
Trailer oficial:
Ficha Técnica
Híbrido de Ficção e Documentário | 87 min | P&B | Brasil | 2022
Elenco: Fredericco Restori, Jean-Claude Bernardet e Marcelo Restori
Participação especial: Dilma Rousseff
Produção executiva: Clarissa Virmond, Frederico Ruas, Tyrell Spencer e Zeca Brito
Direção de produção: Maria Elisa Dantas
Fotografia: Bruno Polidoro, Joba Migliorin, Lívia Pasqual e Zeca Brito
Montagem: Jardel Machado Hermes
Supervisão de pós-produção: Tyrell Spencer
Desenho de som e Mixagem: Tiago Bello
Trilha sonora original: Rita Zart
Roteiro: Frederico Ruas e Zeca Brito
Direção: Zeca Brito
Empresa Produtora: Anti Filmes
Coprodutora: Galo de Briga Filmes
Sobre Zeca Brito
Zeca Brito tem mestrado em Artes Visuais pela UFRGS e graduação em Realização Audiovisual pela Unisinos. Dirigiu, roteirizou curtas e longas exibidos no Brasil e exterior. "O Guri" (2011), seu longa-metragem de estreia, foi exibido em festivais de Portugal e Brasil. Em 2015, lançou o longa "Glauco do Brasil" na 39ª Mostra de Cinema em São Paulo.
Dirigiu o longa de ficção "Em 97 Era Assim" (2016), que recebeu os prêmios de melhor direção e júri popular no Festival Cinema dos Sertões, melhor Filme no The Best Film Fest (EUA), prêmio de melhor filme juvenil estrangeiro no American Filmatic Arts Awards (EUA), entre outras premiações.
Em 2017, dirigiu o documentário "A Vida Extra-Ordinária de Tarso de Castro", exibido no Festival do Rio 2017 e na 41ª Mostra de Cinema em São Paulo. No ano seguinte, o telefilme "Grupo de Bagé" teve sua estreia no Canal Curta!.
Seu longa-metragem de ficção "Legalidade" (2019) estreou no 35º Festival de Cinema Latino de Chicago. O filme foi também exibido em festivais da Espanha, Uruguai, Guatemala e Romênia. Sucesso de público no Brasil, recebeu diversos prêmios no 42º Festival Guarnicê de Cinema e no 14º Encontro Nacional de Cinema dos Sertões, incluindo melhor direção em ambos.
O longa documental "Trinta Povos" estreou em 2020 no Festival de Cine de Punta del Este (Uruguai) e conquistou o prêmio de melhor roteiro no 7º ArFeCine (Argentina). Em 2021, o diretor foi homenageado na XI Mostra de Cinema Brasileiro de Chicago com o prêmio dedicado a cineastas por produções relevantes de consciência social.
Sobre Fredericco Restori
Fredericco Restori, ator e cineasta, foi integrante do lendário Falos & Stercus. Sua carreira profissional iniciou em 2001, com três anos de idade em uma performance de rapel cênico. Aos 12 anos, foi indicado ao prêmio Açorianos de melhor ator coadjuvante por "Hybris" e em 2018 foi indicado a melhor ator coadjuvante no Festival de Cinema de Gramado pelo filme "Bio", de Carlos Gerbase. Em 2019 se formou em produção audiovisual pela PUCRS, onde dirigiu e roteirizou curtas que circularam por festivais e foram premiados. Em 2021 dirigiu e montou o documentário "Sinal de Alerta: Lory F", selecionado no festival In-Edit Brasil e vencedor de Melhor Montagem e Melhor Filme no Festival de Cinema de Gramado em 2022.
fonte: Isidoro B. Guggiana
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