A atriz, empresária e campeã do Masterchef 2021, Isabella Scherer, é a estrela da edição digital de julho da revista Glamour Brasil.
Em entrevista para a sua primeira capa, Isa Scherer compartilha sobre carreira, como surgiu seu interesse pela gastronomia, moda, relacionamentos, planos para o futuro e os desafios da maternidade como mãe de gêmeos.
Enfrentar o relacionamento abusivo foi difícil? Como ficou a sua saúde mental na época?
Isa Scherer: Eu tinha noção de que era ruim, mas eu não conseguia sair. Uma vez, eu voltei de uma gravação noturna que tinha atrasado e ele trancou a porta do meu apartamento, não me deixou entrar na minha própria casa porque não acreditava que eu estava no trabalho. Um fato que eu não consigo esquecer foi um dia em que eu cheguei e tinha uma pilha com várias matérias, notícias e relatos de mulheres que tinham passado por relacionamentos abusivos. Meus pais só tinham deixado na minha cama. Foi muito difícil porque eu acho que já tinha tido uma conversa com eles sobre o que eu estava vivendo, mas eles não conseguiam me acessar porque eu ficava na defensiva. Hoje, eu olho para trás e fico pensando, ainda com um olhar de mãe, como deve ser triste você ver sua filha passar por algo ruim e não conseguir nem conversar sobre. E eu não fazia nada. Fiz muita terapia durante esse relacionamento para conseguir sair dele, e sigo fazendo até hoje.
A forma com que você lida com o seu corpo mudou depois da maternidade?
Isa Scherer: Acho que aprendi de uma vez por todas a aceitar o meu corpo como ele é, sem ter que modificá-lo ou seguir algum padrão. Lógico, eu sei que o meu corpo é padrão. Eu sempre fui uma pessoa magra e eu continuo sendo, mas, para mim, é muito esquisito me ver magra, mas com uma barriga que eu nunca tive: flácida. Eu sempre fui alertada pelo meu médico que precisaria de um ano para o corpo voltar ao “normal” e que, se quisesse pelo menos o meu umbigo de volta, teria que fazer uma cirurgia plástica. Não gosto de ficar remoendo uma situação, então aceito e bola para frente, vamos lidar com isso. Não me sinto 100% confortável de colocar um biquíni, mas me sinto mais tranquila em expor ao invés de tentar esconder – e alguém ver. É uma situação complexa, mas me sinto mais segura em assumir que agora sou assim. Minha barriga ter ficado dessa forma quer dizer que eu consegui levar a gestação o mais longe possível para os meus filhos nascerem saudáveis. Tem uma beleza nisso, né?
O seu pai é uma personalidade conhecida em todo o Brasil. Ter nascido dentro desse meio influenciou a sua decisão de seguir na área artística? Isa Scherer: Com certeza, não. Minha mãe [Vanessa Medeiros] namorou durante alguns anos com meu pai, mas, durante a gestação, eles se separaram. Logo que eu nasci, em Florianópolis, ele já morava fora do Brasil para se dedicar às Olimpíadas. Então, a gente se via uma ou duas vezes no ano, no máximo. Começamos a ter mais contato quando eu vim para São Paulo, com a minha mãe e meu padrasto, que me criou desde os meus 9 meses. Meu interesse, na real, veio desde pequena, eu tinha na minha cabeça que queria começar a trabalhar cedo. Me inspirava muito na Miley Cyrus, que era a minha maior ídola. Eu queria ser igual a ela e à Hannah Montana (risos).
Você chegou a nadar também, certo? Isa Scherer: Eu morei por um tempo em uma cidade no interior do Rio Grande do Sul, e minha mãe queria que eu fizesse algum esporte, e tudo o que eu queria não tinha, mas tinha natação. Então, eu comecei a nadar e não foi nem por influência do meu pai. Eu era muito boa, daí comecei a amar competir, ganhar e toda essa adrenalina que envolve o esporte. Continuei, vim para São Paulo, fui campeã brasileira, mas sabia que essa não seria a minha carreira, então eu tinha que achar a próxima, e eu já queria fazer teatro.
Como foi o seu início no teatro? Você se identificou com a atuação logo de cara? Isa Scherer: Comecei a fazer teatro aos 14 anos. Conciliava uma rotina bem exaustiva de escola, treino da natação e as aulas no Wolf Maya. Meu primeiro trabalho foi uma websérie para a Capricho e logo me apaixonei pelo audiovisual. Eu gostava do teatro, mas descobri que eu gostava muito mais da câmera, e foi difícil admitir isso para mim. São atuações diferentes, né? No teatro, você tem que se expor muito mais, sempre tive dificuldade com isso. Fiz outros trabalhos, mas dependia muito dos testes que fazia, e achava que não dava para ser tão incerto. Eu sou ansiosa e precisava fazer outra coisa, então comecei a estudar moda porque eu também tinha o sonho de ter uma marca de roupas. E aí, quando surgia uma oportunidade legal de trabalho, eu trancava a faculdade. Nisso, eu fiz Malhação, abri a minha marca de roupas, a Serê, fiz Bom Sucesso, onde eu interpretei a Grazi Massafera jovem, fiz uma série para a HBO chamada Psi...
Durante esses trabalhos, conforme ganhou alcance ainda maior, você teve a certeza de que queria seguir como atriz? Isa Scherer: Eu amava muito e ainda amo atuar, mas eu me sinto muito insegura. Para mim, estar em um set de filmagem era muito difícil. Eu me sentia pressionada e com a sensação de que eu não era boa o suficiente. É uma insegurança totalmente minha. Faz tempo que eu não atuo, não sei como seria hoje em dia, mas, naquela época, eu me esforçava muito e sentia que ainda não dava conta.
Sente que você é uma Isa diferente depois da maternidade? Isa Scherer: Não. Se eu falar que algo mudou, eu vou estar mentindo. É lógico que hoje eu tenho uma responsabilidade muito maior, eles dependem de mim. E eu conheci um amor completamente diferente de qualquer outro, muito maior e muito mais puro, mas eu sigo sendo a mesma – com muitas mudanças corporais, mas a mesma Isa.
A forma com que você lida com o seu corpo mudou após o nascimento dos gêmeos? Isa Scherer: Acho que aprendi de uma vez por todas a aceitar o meu corpo como ele é, sem ter que modificá-lo ou seguir algum padrão. Lógico, eu sei que o meu corpo é padrão. Eu sempre fui uma pessoa magra e eu continuo sendo, mas, para mim, é muito esquisito me ver magra, mas com uma barriga que eu nunca tive: flácida. Eu sempre fui alertada pelo meu médico que precisaria de um ano para o corpo voltar ao "normal" e que, se quisesse pelo menos o meu umbigo de volta, teria que fazer uma cirurgia plástica. Não gosto de ficar remoendo uma situação, então aceito e bola para frente, vamos lidar com isso. Não me sinto 100% confortável de colocar um biquíni, mas me sinto mais tranquila em expor ao invés de tentar esconder – e alguém ver. É uma situação complexa, mas me sinto mais segura em assumir que agora sou assim. Minha barriga ter ficado dessa forma quer dizer que eu consegui levar a gestação o mais longe possível para os meus filhos nascerem saudáveis. Tem uma beleza nisso, né?
E planos para o futuro, já deu tempo de fazê-los? Isa Scherer: Tenho muitos planos! Eu tenho uma marca de moda, a Serê, que lancei em 2019. Dei uma pausa para reformular um pouco e, em breve, ela vai voltar com tudo! Estou empolgada com uma linha de utensílios de cozinha que vou lançar no próximo ano, já em reta final, testando e colocando alguns deles em prática. Para o futuro, quem sabe um restaurante, né? Ainda tenho vontade de abrir o meu próprio, mas penso nisso para quando eu estiver com meus 50 e poucos anos e puder fazer isso por realização pessoal, sem ter que pensar muito no profissional ou financeiro. Algo pequeno, que eu possa abrir umas quatro vezes na semana e que eu esteja ali presente, me realizando – ainda mais.
fonte: Helena Augusta
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