Evento enaltece e inspira cada vez mais as mulheres a ingressarem nesse universo.
A WIBR (Women in Brazil), iniciativa que luta por um ambiente mais seguro e inclusivo no mundo dos games para as pessoas que se identificam com o gênero feminino, realizou na última terça-feira (26), seu primeiro WIBR SUMMIT, evento pioneiro que tem o objetivo de celebrar conquistas femininas, reconhecer suas trajetórias no mundo dos games, entender o cenário atual do mercado, suas origens e pensar em ações para que o futuro do mercado dos games possa ser um ambiente mais seguro, equilibrado e com mais oportunidades para as mulheres.
Apresentado por Athena, influenciadora do MIBR e embaixadora da Natura, o encontro foi dividido em três conversas que abordaram o passado, o presente e o futuro dos games.
A caster Babi Michelleto foi responsável pela mediação da primeira conversa. Intitulado “Virando o jogo”, o painel, que contou com a presença da apresentadora Nyvi Estephan, Érika Caramello, CEO da Dixelgame e Jelly, pro player de VALORANT inclusivo do MIBR, pioneiras em suas áreas elas destacaram a necessidade de valorizar referências femininas para serem inspiração para que mais mulheres tenham interesse pelos games. Além disso, reforçam que a presença feminina aumenta o olhar sobre os games e cria novas possibilidades.
“As mulheres podem acrescentar um outro olhar. Você para de ter apenas jogos mainstream, jogos de tiro, os jogos americanos principalmente, que vem de Hollywood, e vemos outros gêneros sendo trabalhados e ganhando o mundo. Eu tenho alguns cases de ex-alunos e de ex-alunas que estão agora fazendo sucesso internacional. Inclusive há mulheres trans”, comentou Érika, Sobre ter novos olhares na produção de jogos e conteúdo sobre o tema.
Os exemplos de mulheres bem sucedidas são de suma importância para atrair mais pessoas que se identificam com o gênero feminino para o mercado de tecnologia e games. Para Nyvi a convivência só com iguais não proporciona uma evolução. É preciso buscar inclusão e diversidade no cenário para a evolução no mundo dos games.
Já para Jelly, a presença de mulheres trans em seu segmento é muito importante. “Quando comecei, não tinha uma pessoa que eu pudesse olhar e querer ser igual a ela. Hoje, recebo mensagens de apoio e elogios. Me sinto completa.“
Diante de um universo em que 59% das jogadoras escondem seu gênero, mas representam mais de 50% dos entusiastas de jogos, o MIBR vai na direção contrária ao ser uma das poucas organizações de esports que tem uma mulher como CEO. Para reforçar a importância de termos exemplos femininos em cargos de destaque, o segundo painel focou em diversas profissionais bem-sucedidas em diversas áreas do mercado dos games.
Mediado por Denise Coutinho, diretora de marketing e comunicação da Natura, segundo painel “Elas fazem a carreira delas” teve a participação de Anahy Couto, psicóloga do Corinthians e de lines do MIBR e Liberty, Andressa Delgado, co-criadora do Perifacon e Luciana Galastri, líder de operações lifestyle e games no TikTok. Durante a conversa, elas compartilharam um pouco de suas trajetórias, as dificuldades e os desafios enfrentados na transição de carreira para o universo dos games. Andressa, que se emocionou durante a conversa, enfatizou a importância do encontro e se sentiu muito inspirada pelas trocas ocorridas no WIBR SUMMIT. “É importante criar oportunidades. A gente chega, mas não quer chegar sozinha. Precisamos levar mais gente conosco”.
Luciana usou como exemplo sua dificuldade de enxergar o reconhecimento de seu trabalho. A falta de um ambiente acolhedor pode levantar questionamentos. “Tive medo, síndrome do impostor. Aquela sensação de estar aqui por sorte. O que eu fiz para estar aqui? Quantas vezes precisamos parar e fazer uma lista de todas as realizações que fizemos até chegar onde chegamos e entender que não foi apenas sorte. É recompensador presenciar isso hoje e ver como gerações passadas não tiveram isso.”
O último assunto da noite foi o futuro. O terceiro painel contou com a mediação de Mariana Uchôa, fundadora da Diversigames. Junto a ela estavam Cynthya Rodrigues, head comercial LATAM na GMD, Lahgolas, caster da Riot Games e Lívia Gueraldo, líder da área de people da Riot Games na América Latina.
Mariana começou a conversa enfatizando a importância de estar em um evento onde a participação feminina é bem superior à dos homens. Analisando a diversidade de carreiras e jornadas das palestrantes, Mariana focou a percepção que o universo dos games é uma oportunidade de propor novos negócios para as marcas.
Cynthya enfatizou sobre o retorno financeiro que as marcas podem conquistar ao investirem no público feminino, um grupo que ao ser mais explorado só tende a aumentar os lucros, criar novas oportunidades e fazer a economia girar. “A marca ao investir no segmento de games ganha dinheiro. Há muitos e muitos anos a indústria dos games só focou nos meninos. Eles representam 50% do público, mas nós mulheres, também temos 50% do público, um excelente negócio.”
No entanto, é necessário oferecer um ambiente de trabalho mais inclusivo e seguro. Para Lívia é preciso contratar mais mulheres e criar vagas afirmativas. “ Historicamente o mercado de trabalho é um lugar masculino. É necessário reconhecer essa bagagem que o mercado carrega, entender e buscar transformações para que a presença das mulheres cresça. É necessário entender as dinâmicas pelas quais as mulheres passam. A flexibilização do trabalho é fundamental para proporcionar formas de trabalho híbridas, remotas para atender as necessidades que elas possam ter. O mercado de trabalho ainda carrega muitas heranças de um meio muito dominado pelos homens. A desconstrução é necessária para que uma reeducação do comportamento em um ambiente de trabalho aconteça. É a mudança de comportamento que vai mudar o jogo.’’Lahgolas, levou a questão para a sua área de atuação, o casting. Em seu trabalho no ReveLAH Casters, projeto de desenvolvimento para mulheres no casting, ela busca fornecer uma orientação e oferecer ferramentas para que as mulheres que atuam no cenário possam se profissionalizar. “O ReveLAH Caster surgiu de uma vontade de compartilhar o meu aprendizado com outras mulheres”. É a valorização de um processo educativo em prol da profissionalização de outras mulheres.
Sobre o futuro, Cynthya acredita que precisa incluir os homens no debate, uma vez que eles não entendem realmente os sofrimentos pelos quais as mulheres passam, para que no futuro não exista a necessidade de criar espaços para acolher as mulheres, debater sobre desigualdades. “Precisamos de lugares seguros e que esses lugares sejam qualquer lugar”.
Sobre o mercado de trabalho no futuro, Lívia ressaltou a necessidade de um cuidado maior na seleção, uma reeducação dos entrevistadores e recrutadores e um esforço para estimular a procura de mulheres pelas vagas, uma vez que existe uma dificuldade em preencher vagas afirmativas.
O desejo final de todas é a mudança da perspectiva que o mercado enxerga os games e a participação feminina nele. Um ambiente seguro e diverso, aliado com o potencial econômico, tem tudo para ser a grande virada do jogo para elas.
O encerramento do evento contou com uma surpresa para os presentes. Vitorinha, cantora e embaixadora do MIBR cantou a música “Já fui você”, canção composta para o anúncio da parceria com a Natura. Antes de iniciar sua apresentação, Vitorinha compartilhou sua alegria de estar ali. “Quando recebi o convite da Natura e do MIBR me senti uma pessoa de muita sorte. Quantas pessoas não têm a sorte de estar aqui? Hoje, ouvindo todas essas mulheres maravilhosas, sinto que sim, tive um pouco de sorte, mas estou aqui porque eu sou uma pessoa muito talentosa e mereço estar aqui”.
Os interessados podempode conferir o WIBR SUMMIT na íntegra:
fonte: Approach Comunicação
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